sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Aprendizado de Artes Visuais na Cultura Virtual

e-pedagogia: o aprendizado de artes visuais na cultura virtual
Lucia Gouvêa Pimentel
Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais
luciagpi.bh@terra.com.br

RESUMO


A produção artística visual contemporânea ocupa grande espaço nos meios de comunicação, inclusive com algumas hibridizações. A apropriação e a transformação de imagens que procuram dar uma nova significação a imagens já conhecidas são cada vez mais usadas em cartazes, outdoors e nos meios de comunicação eletrônicos. Os modos de produção e de conhecimento da imagem são bastante diversificados, sendo preciso conhecer tanto os meios tradicionais quanto os meios que usam tecnologias contemporâneas. De posse desse conhecimento, a escolha do meio mais apropriado para expressão será realizada em melhores condições de crítica e com mais possibilidades de acerto. Nesse sentido, o conhecimento da produção artística contemporânea e a valorização da herança cultural levarão ao reconhecimento dos modos de ser das pessoas, enquanto fruidoras e construtoras da cultura. O contexto cultural contemporâneo inclui o contexto virtual, com sua complexidade e diversidade. E as tecnologias contemporâneas, tanto conceitualmente quanto fisicamente, fazem parte do universo de instrumentos de produção artística.
Se antes do advento das novas tecnologias a memória visiva de um indivíduo dependia de suas experiências diretas e de sua informação cultural basicamente restrita ao seu ambiente social, através do contato presencial direto, agora muitas vezes não é possível distinguir entre as experiências diretas e as imagens telemáticas. Participante dessa rede, independentemente de onde o indivíduo esteja, o mundo todo - e ao mesmo tempo - o habita, faz parte dele. A questão contemporânea tem em sua complexidade um dos pontos principais de discussão e essa é uma das complexidades da contemporaneidade.
O ser humano vive num mundo de símbolos e normas criados por ele próprio que, embora os possa manipular e compreender, nem sempre fazem parte de si. As informações tecnológicas influenciam decididamente o saber, o pensar, o agir. E as múltiplas faces de todas as áreas do saber, do pensar e do agir apresentam-se direcionalmente diferenciadas, não havendo como se abordar um conceito ou uma proposição unilateralmente.
Para poder pensar artisticamente, é necessário ter pensamento crítico e conhecer os diversos instrumentos de produção artística, ficando bem claro que esse conhecimento não deve ser fim em si mesmo, mas um meio para que se consiga ver, contextualizar, significar e produzir arte.

A imagem visual tem uma presença cada vez maior na vida das pessoas. Imagens estão constantemente presentes como criação e recriação, às vezes por imposição, outras por escolha pessoal. Devido à velocidade com que vemos essas imagens, nem sempre podemos pensar sobre elas e selecionar as que devem fazer parte do nosso repertório imagético, isto é, da referência visual que gostaríamos de deixar registrada em nossa memória. Esse repertório passa a ser constituído, então, por escolhas e imposições, sem que tenhamos controle sobre isso.
Como afirma Pereira (1993), em ofício encaminhado ao MEC, arte é uma área de conhecimento que opera com a organização imaginativa do sujeito a partir da experiência universal da humanidade e das experiências particulares de cada um, resguardados os princípios da unidade na diversidade, da harmonia na heterogeneidade e do equilíbrio nas diferenças, consolidando-se como fator de humanização (ao resgatar a consciência da dignidade humana), de socialização (ao proporcionar a apropriação do processo criativo como compromisso histórico com a humanidade) e de fortalecimento da identidade cultural (gerado pela prática da experiência estética, integradora do pensar e do sentir).
Nesse contexto, é importante desenvolver a competência de saber ver, contextualizar e analisar o que se nos oferece imageticamente, para que se possa, ao produzir imagens, fazer com que elas tenham significação tanto para @1 autor@ quanto para quem vai frui-la.
Numa época em que o próprio conceito do relacionamento entre conhecimento e inteligência é colocado em discussão - há correntes que consideram a informática como forma de inteligência, ao lado da inteligência dos seres vivos, e outras que a consideram não uma inteligência, mas sim resultado da inteligência humana -, a questão do conhecimento em arte, de como ela pode ser aprendida e como ela pode ser ensinada, remete-nos a uma busca de novas rotas, novos caminhos.




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